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Setembro Amarelo: Você não está sozinho!

     No dia 20 de setembro, celebra-se o Dia de Conscientização da Saúde Mental, uma data estabelecida com o objetivo de chamar a atenção para a importância de cuidar da saúde mental em todas as fases da vida. O reconhecimento dessa data surgiu da necessidade crescente de se discutir o impacto dos transtornos mentais na sociedade e promover um ambiente de apoio para aqueles que enfrentam dificuldades. Esse dia busca não apenas aumentar o conhecimento sobre o tema, mas também incentivar ações que promovam o bem-estar mental de forma coletiva e individual.

     Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde não é apenas a ausência de doenças, mas um estado completo de bem-estar físico, mental e social. A saúde mental é parte fundamental desse conceito, abrangendo a capacidade de uma pessoa lidar com as tensões da vida, trabalhar de forma produtiva e contribuir para a comunidade. Portanto, cuidar da mente é essencial para garantir a saúde como um todo, sendo necessário que essa dimensão seja tratada com o mesmo empenho que a saúde física.

     No Brasil, os dados epidemiológicos relacionados à saúde mental são alarmantes. Estudos mostram que aproximadamente 10% da população do país sofre de algum tipo de transtorno mental. Entre crianças e adolescentes, estima-se que 10 a 20% enfrentam problemas como depressão, ansiedade e transtornos de comportamento. Os índices são maiores em mulheres, porém a prevalência é significativa em todas as faixas etárias, classes sociais e etnias. Isso demonstra que a saúde mental é uma questão de preocupação global, que afeta pessoas de diferentes contextos e não está limitada a um grupo específico.

     Os principais transtornos que acometem crianças e adolescentes incluem os transtornos do humor, como a depressão e a ansiedade, os transtornos de comportamento, como o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), o TOD (Transtorno Opositor Desafiante), os transtornos alimentares e o TEA (Transtorno do Espectro Autista). Essas condições podem ter um impacto significativo no desenvolvimento emocional, social e educacional, prejudicando a qualidade de vida e o futuro desses jovens se não forem identificadas e abordadas precocemente.

     É fundamental que pais, educadores e profissionais de saúde fiquem atentos aos sinais que podem indicar problemas de saúde mental em crianças e adolescentes. Mudanças bruscas no comportamento, irritabilidade, isolamento social, queda no desempenho escolar, alterações no sono e apetite, dentre outros sintomas podem ser indicativos de que algo não está bem. Identificar esses pontos precocemente é o primeiro passo para buscar ajuda especializada e evitar o agravamento do quadro.

     A prevenção é possível e passa pelo fortalecimento dos fatores de proteção. Alguns desses principais fatores incluem:

1. Relacionamentos saudáveis: Ter uma rede de apoio emocional, como amigos, familiares ou parceiros, contribui para o sentimento de pertencimento e ajuda a enfrentar adversidades.

2. Ambiente familiar acolhedor: Lares com apoio emocional, comunicação aberta e respeito mútuo fortalecem a resiliência e a capacidade de lidar com desafios.

3. Autoconhecimento e regulação emocional: Entender as próprias emoções e saber como expressá-las de forma saudável promove uma melhor adaptação ao estresse e desafios diários.

4. Prática regular de atividade física: Exercícios físicos liberam endorfina, substância associada à sensação de bem-estar, além de melhorar a autoestima e o sono.

5. Alimentação equilibrada: Uma dieta saudável, rica em nutrientes, está diretamente ligada ao bom funcionamento do cérebro e à prevenção de transtornos mentais.

6. Sono de qualidade: Dormir o suficiente e manter uma rotina de sono saudável é essencial para o equilíbrio emocional e a capacidade de concentração.

7. Desenvolvimento de habilidades sociais e de resolução de problemas: Enfrentar problemas com confiança e flexibilidade fortalece a resiliência e melhora o bem-estar.

8. Acesso à educação e oportunidades de aprendizado: O desenvolvimento de capacidades cognitivas e emocionais em ambientes de aprendizado estimula o crescimento pessoal e o autocontrole.

9. Prática de hobbies e atividades de lazer: Ter momentos de lazer e fazer o que se gosta, como hobbies ou atividades criativas, é fundamental para a saúde mental, pois alivia o estresse e promove a sensação de prazer.

10. Apoio profissional quando necessário: Buscar ajuda de psicólogos, psiquiatras ou outros profissionais de saúde mental pode ser decisivo para manter ou recuperar o equilíbrio emocional.

Esses fatores, juntos, criam uma base sólida para promover uma boa saúde mental e lidar de forma saudável com as adversidades da vida. 

     É essencial que a sociedade se comprometa com a promoção da saúde mental, desde o combate ao estigma até a criação de políticas públicas que garantam acesso ao cuidado adequado. O cuidado de cada um com sua saúde mental, bem como o incentivo aos outros a fazerem o mesmo promovem uma vida mais equilibrada e saudável, garantindo que o bem-estar mental seja uma prioridade em todas as esferas da vida humana.

    Esse tipo de data é importante para a lembrança sobre o tema e conscientização da população, porém, as ações para promover, prevenir, identificar e manejar os principais problemas em saúde mental devem ser feitas de forma rotineira e ao longo de todo o ano.

     No mês de setembro há também a campanha setembro amarelo, quanto a prevenção do suicidio, que é a maior campanha anti estigma do mundo. Nesse ano, o lema é “Se precisar, peça ajuda!”

     Para leitura complementar e para aprofundamento nos temas veja os links descritos abaixo:

E no site da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) tem as publicações abaixo relacionadas ao tema:

  • Adolescentes, jogos eletrônicos e gaming disorder (maio 2023)
  • Transtornos alimentares na adolescência
  • Transtorno do Espectro Autista e telas
  • Autoestima na infância e na adolescência (abril/2021)
  • Depressão na infância e adolescência (agosto/2019)

Denise L. Ocampos
Membro Colaborador do Departamento Científicos de Medicina do Adolescente

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